Histórias
da D. Esperança
D. Esperança era uma mulher
única, a sua bondade era tanta que toda a gente gostava dela, principalmente as
crianças. Todos a conheciam. Ela era um pouco gordinha, bem-disposta, animada,
tinha uma voz doce que confortava qualquer pessoa, tinha uns olhos grandes e
verdes e o sorriso mais branco e belo do mundo. Como ela adorava crianças,
fazia grandes lanches para elas. E claro que elas gostavam dela como se fosse
da família.
Todos os dias D. Esperança se
sentava num banco, no seu delicado jardim, e quando via as crianças a sair da
escola abria os braços, e, como de costume, elas corriam até ela e davam-lhe
abraços e beijinhos.
Os
anos foram passando, as crianças cresceram, umas foram para a universidade e
outras emigraram. Claro que D. Esperança começou a ficar cada vez mais idosa e
já não saía de casa porque não tinha forças para se levantar e tinha medo de se
constipar. Até que um dia, adoeceu, não comia nada, não tinha forças e foi
internada no hospital. Lá, tratavam-na muito bem, e os outros doentes até
tinham ciúmes e comentavam o cuidado especial que tinham com aquela senhora.
Apesar deste tratamento, D. Esperança estava triste, tinha perdido o seu sorriso.
Num
sábado à tarde, entrou um belo jovem no seu quarto de hospital. D. Esperança
não o conheceu, e quando ele disse que era o Pedro, o Pequenito, ela começou a
chorar de emoção Há muitos anos que ela já não o via, desde que tinha ido
estudar para Lisboa. Como que por magia, D. Esperança levantou-se sozinha da
cama para o abraçar, o que já não fazia há bastantes meses.
Depois
de uma longa conversa, Pedro decidiu tirá-la do hospital. Pedro é médico e foi
falar com os colegas médicos e responsabilizou-se por tomar conta da sua amiga,
enquanto estivesse na aldeia, de férias. D. Esperança ia ficar em casa do
Pedro, o Pequenito.
Foi graças a este antigo pequeno
amigo que D. Esperança saiu do hospital alegre, e assim acabou os seus dias com
o seu belo sorriso de quando era mais nova. Pedro retribuiu o favor, agora era
a vez de ele tratar da pessoa que tinha tratado dele.
Isabel, 6ºJ
Olá, D. Esperança,
Sei que já não se deve lembrar de mim,
fui uma criança desse bairro, há muito tempo. Agora vivo na China, mas gostava
de aí estar para ver a sua reação quando de mim se lembrar.
Neste momento, adoraria ser de novo
criança para estar à sua beira e aproveitar todos os segundos como se fossem os
últimos da minha vida. Detestei-a muitas vezes, pois eu era uma das crianças
mais traquinas que aí morava, e então lá vinha você pela casa fora a resmungar
comigo. Agora, sei que tinha toda a razão quando, ao ver-me chegar, deitava
logo as mãos à cabeça. Eu só fazia asneiras e batia em todos! A senhora
resmungava comigo, eu ficava zangada e continuava, mas vejo que me queria
educar, era tudo para o meu bem. E assim cresci, graças a si! Se um dia puder,
gostava muito que viesse a minha casa. Vou compensá-la pelo que a fiz passar.
Beijos da Flor de Lotus
Juliana
Andrade, nº17,6ºJ
A
menina das duas metades
Era
uma vez uma menina que adorava dançar, dançava com tudo que tivesse à mão.
A
menina era alegre e amada pelos pais, mas não pelos amigos, que gozavam com
ela, pois ela dançava enquanto eles pedinchavam aos pais brinquedos novos e
brincavam com bonecas. A menina pensava que era por dançar mal que os colegas
gozavam com ela, o que a fazia treinar de cada vez mais.
Um
dia, os pais decidiram proporcionar à sua filha um dia inesquecível e, por
isso, levaram-na a um bailado, “O lago dos cisnes”. A menina adorou e de tão
comovida acabou por chorar. Os dançarinos pareciam cisnes com os seus
movimentos leves, rápidos como a água. A menina pensou que nunca iria ser assim
e deixou de dançar. Guardou todas as sabrinas e fatos numa arca e fechou-a com
a chave, nunca mais queria ver aquela roupa. Nunca mais ninguém viu a menina a
dançar.
Desde
aí, enquanto os outros brincavam com as bonecas, ela, com a sua tristeza negra
como a noite, sentava-se numa cadeira e olhava para os outros, imóvel. Esta
tristeza começou a transformar-se em amargura, e a menina foi ficando mais
velha, sempre mais velha e amarga…
João
Manuel Pinto Fernandes/ nº 13/ 6ºG
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