Era Inverno e nevava. As ruas estavam desertas e não se ouvia um único ruído. Todas as chaminés fumegavam e ele estava ali, sozinho naquele jardim completamente branco. O seu olhar era triste e sem brilho, como um menino de rua. Caminhava lentamente, como se pedisse ao chão perdão por estar a calcá-lo.
Olhava o céu cinzento e o seu olhar cada vez entristecia mais.
Eu, que estava também naquele jardim, tal como ele, sozinha, sentia que aquele rapaz estranho, que nunca tinha visto antes, fazia crescer dentro de mim uma inquietude que eu não sabia explicar. Com os meus olhos, segui todos os movimentos dele, tudo o que ele fazia…
O meu coração disparou naquele momento. Um turbilhão de pensamentos invadiam-me. Devagar, ele cada vez se aproximava mais, até que parou mesmo à minha frente.
Eu tremia. Não sei se era do frio ou da emoção de estar com aquele rapaz…
Com uma voz calma e serena ele disse-me:
- É melhor ir para casa. Está muito frio, pode ficar constipada.
- Não tenho frio - respondi eu, gaguejando.
Sem dizer uma palavra colocou a sua mão sobre o meu rosto frio e eu olhei-o, mais uma vez. Os seus olhos eram verdes, os seus lábios vermelhos, muito bem definidos. As suas mãos eram macias e brancas. Tinha os dedos compridos e fortes.
Nevava cada vez mais. Tudo o que acontecia era mágico, mas os meus olhos apenas iam numa direcção: naquele rosto lindo que estava diante de mim. Era tudo tão real, mas ao mesmo tempo fantástico! Nunca pensei que um rapaz me fizesse sentir tão bem!
Nevava cada vez mais e ele, olhando-me, deu-me um beijo na face que por momentos corou e depois, mudo por entre aquelas árvores, afastou-se. Ainda tentei gritar, pedir-lhe para que não fosse, que ficasse só mais uns minutos, mas não consegui. Emudeci, tal como ele.
Naquele momento, todas as árvores e animais que estavam ali, naquele jardim, choraram e sofreram, tal como eu.
Muito triste voltei para casa e fechei-me no quarto, onde pude chorar e expressar a minha dor, sem que ninguém se apercebesse.
Os dias passaram e eu voltei àquele jardim, na esperança de voltar a encontrá-lo, mas tudo foi em vão.
A hora que ali passei, à espera dele não adiantou de nada. Ele não apareceu!
Fátima 8ºB Nº10
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
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