No alto de um monte, morava um velho agricultor.
Tinha os cabelos grisalhos e encaracolados, e os olhos verdes transmitiam imensa bondade.
A casa tinha janelas de madeira, em forma de coração. As cortinas transparentes esvoaçavam ao vento. Os quartos pequenos estavam cheios de lembranças e de tapetes macios e em todos os compartimentos da casa se podiam ouvir os sons da natureza. À volta da casa, cresciam miosótis e dálias que coloriam o ambiente. Mas havia quem dissesse que a sua casa era “decorada” mesmo pela generosidade.
O velho passava o tempo a trabalhar a terra. E, no pouco tempo que lhe restava, gostava de ver os seus álbuns com fotografias do passado. Tinha tido uma família numerosa, mas o destino fizera com que, aos poucos, ficasse só.
Bem, Completamente só não estava, pois as crianças que viviam nos arredores conheciam aquele velho, pois este, todos os anos, pela altura do Natal, costumava distribuir uns miminhos pelas crianças. Porém, naquele ano, as colheitas tinham sido devastadas pelo mau tempo e os celeiros estavam vazios, por isso o dinheiro escasseava.
Dezembro aproximava-se e ele andava muito pensativo. Sentou-se na sua cadeira de balanço e começou a pensar como ia dar prendas de natal às crianças, se quase nem tinha para comer.
Sentia-se inquieto, por isso levantou-se e resolveu andar um pouco. Tinha dado alguns passos, quando sentiu que alguém o perseguia. Mas pensou que não passava de pura imaginação e logo continuou o caminho. De novo aquela sensação estranha de que alguém o observava. Virou-se de repente e apanhou um ser pequenino e verde em flagrante.
-O que queres tu?
- Li os teus pensamentos e sei qual é a tua preocupação. Como estamos com um problema no mundo dos duendes, pensámos que podemos ajudar-te e ajudando-te acabamos por resolver o nosso problema
-Mas isso que me estás a dizer é um enigma! Não podes explicar melhor?
-Não digo mais nada. Terás uma semana para descobrir.
Vemo-nos daqui a cinco dias e durante este período de tempo vamos dar-te algumas pistas que te irão ajudar a descobrir aquilo que chamas de enigma. Até lá!
- Mas… e se não descobrir? - Perguntou o velho.
Mas o duende já não o ouviu. Tinha desaparecido. O velho foi para casa. A noite caiu. Não conseguia adormecer. Como é que ele, ajudando os duendes, iria resolver o seu problema com os presentes das crianças?
O tempo passava com uma rapidez alucinante e o velhote muito longe de resolver o enigma.
Mas, na sua imensa misericórdia, os duendes resolveram dar-lhe algumas pistas. Escreveram-lhe uma carta onde contaram o problema que tanto os atormentava, e logo que terminaram de o fazer, colocaram a carta debaixo da porta de entrada da casa do velho.
Depois de ler a carta, o velho apercebeu-se afinal que o problema dos duendes era exactamente o mesmo que o seu: a falta de dinheiro!
_ Mas como vou eu ajudá-los, se mal tenho dinheiro para comer?! – Questionou o velhote.
Um dia em que andava a passear, apareceu-lhe aquele ser pequenino e verde que lhe contou que a fábrica dos brinquedos onde eles trabalhavam tinha ido à falência e que, com sorte, não seria necessário dinheiro para a reabrir. O duende explicou ao velho que apenas precisavam do seu trenó, pois era a única coisa necessária para conseguirem dirigir-se à loja de brinquedos.
Já só faltavam três dias para chegar o Natal; todos desesperavam, mas não desistiam. Foram a todas as lojas de brinquedos que viram, procurando todos aqueles brinquedos estragados que, provavelmente, seriam para deitar ao lixo. Quando terminaram de recolher todos os brinquedos estragados, regressaram à fábrica dos duendes e começaram a repará-los para poderem ser distribuídos pelas crianças. Mas apesar de todo aquele esforço ainda faltam alguns pormenores e o tempo já era escasso.
A agitação na fábrica dos brinquedos era enorme, mas a confiança no trabalho uns dos outros imperava.
- Ai, esta falta de tempo … - Queixou-se o velho.
- O tempo é nosso inimigo – Concordou um duende.
- Vamos conseguir! - Animou uma terceira voz.
Com esforço, ou melhor, com muitíssimo esforço, conseguiram aprontar os presentes.
Eis que chega o dia… presentes em cima do trenó e …Cá vamos nós!
O velhote como não era experiente a comandar o trenó e as renas tinham estado doze meses sem trabalhar, as primeiras horas foram complicadas.
Logo na primeira chaminé, azar dos diabos, o velhote, agora transformado em Pai Natal, não cabia. Mas, uma das renas, o Rodolfo, lança-lhe um feitiço e sem contar…
Pumba… Pai Natal pela chaminé abaixo.
- Ai, até a mim, me doeu! – Riu o Rodolfo.
- Bolas, o meu rabo! – Queixa-se o Pai Natal.
De seguida, todo enfarruscado, o Pai Natal coloca os presentes na lareira e sai rapidamente dali, quase irreconhecível.
Como estão a ver, a noite foi longa, com um ou outro percalço. Finalmente, estavam os presentes todos entregues e a satisfação espelhava no rosto de todos.
- Agora é a nossa vez de festejar o Natal. Convido-vos a todos, a passá-lo na minha humilde casa, pois sem a vossa preciosa ajuda, este ano não tinha sido possível satisfazer os desejos de cada criança.
E a cantar dirigiram-se para a casa do velho. Todos tinham compreendido que o verdadeiro espírito do Natal está no coração de cada um, na alegria de levar felicidade a todas as crianças do mundo.
8ª,A,B,C,D
2009/2010
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