segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Natal sonhado




Turma do 9º ano 2007/2008


Numa noite gelada de Dezembro, Orlando estava sozinho em casa, num bosque nos Pirinéus.
Orlando era o sétimo filho de um casal pobre. A mãe Teresa era pastora, o pai António era lenhador. Orlando vivia numa cabana de madeira construída pelo pai.
Este filho dedicado passava os dias a ajudar a mãe a cuidar do rebanho, na companhia do seu fiel amigo, Sebastião.
Orlando era um rapaz magro e esguio, tinha os cabelos castanhos e os olhos claros, a sua pele queimada e desidratada denunciava as longas horas passadas ao sol escaldante e ao vento agreste que se faziam sentir na montanha.
No silêncio da noite, Orlando observando, da janela do seu humilde quarto, o céu estrelado, imaginava como iria ser festejado o seu Natal.

De repente, nas estrelas que povoavam o céu escuro, o jovem rapaz viu a família reunida, muitos sorrisos, grandes coroas de azevinho e doçarias. Na sua casa, havia calor e luz, riso e alegria. Em frente da pequena lareira, havia uma mesa muito comprida com carne assada, bolos de mel e frutos secos.
O pai sentado num velho cadeirão, lia um conto de Natal, enquanto mãe e filhos terminavam o presépio. Tinham todos a felicidade estampada no rosto. Até o Sebastião estava junto dos seus donos.
Essas imagens alegraram o jovem Orlando que decidiu desenhá-las numa velha folha de papel, que escondeu debaixo da sua almofada.
No dia seguinte, quando acordou, observou carinhosamente o desenho que fizera na noite anterior e suspirou, mas tinha muito trabalho pela frente, por isso escondeu-o de novo e foi tratar das cabras, pois, nessa manhã, a sua mãe precisava de limpar a casa.

Enquanto fazia a cama de Orlando, Teresa deparou-se com o desenho do filho. Observou-o cuidadosamente. Um sentimento de grande tristeza invadiu-a e deixou-se cair na velha cama que pertencera aos filhos mais velhos. Como ela lamentava a vida que tinha para oferecer ao seu filho mais novo.
Quando chegou o marido, desabafou com ele e ambos ficaram muito desanimados, pois este Natal seria pior que os outros. A família não tinha dinheiro.
Os fortes nevões tinham impedido o pai de cortar lenha para vender, as cabras ainda eram muito novas para serem vendidas e os irmãos mais velhos não estariam presentes, visto que se encontravam a trabalhar na cidade que ficava muito distante de casa.
Os dias foram passando lentamente. Faltavam poucas horas para a consoada, quando se ouviu um barulho vindo da escuridão da noite gelada. Uma noite tão especial para todos os Homens de boa vontade.
Curioso, Orlando levantou-se de junto da lareira, onde pacatamente ouvia as histórias que o pai lhe contava, enquanto a mãe cuidava do singelo jantar. O jovem rapaz foi espreitar à janela, pareceu-lhe ver vultos que se iam aproximando. Não queria acreditar! Eram os seus irmãos que, saudosos, tinham preparado uma enorme surpresa. Vinham a casa festejar o Natal em família e traziam presentes e comida.
A casa encheu-se de cor e animação, todos estavam verdadeiramente felizes.
Orlando vivia o melhor Natal da sua vida, tinha conseguido o presente mais valioso que alguém lhe podia ter oferecido: a reunião da sua família.
Naquela humilde cabana estava de novo junta a melhor família do mundo, a mais rica, pois juntos partilhavam todo o amor e carinho que tinham no coração.
O sonho de Orlando tornara-se autêntico.



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